quarta-feira, agosto 27, 2008

DEBATE SINTRASEB

GRANDE MOMENTO
Acho que tenho espírito de porco, gosto mesmo é de ver o circo pegando fogo. Por isso me decepcionei um pouco com o bom debate promovido pelo Sintraseb na noite desta segunda-feira, no Hotel Himmelblau. Mas no geral foi muito bom. O olho a olho com as pessoas, sem a intermediação de nenhum equipamento, é bem diferente da campanha da mídia. É neste contato que o candidato se revela. É muito mais difícil e tenso.

PARABÉNS
O sindicato, nas pessoas de Dione Borchardt, coordenadora geral, e Ricardo Freitas, o onipresente assessor sindical, deu uma aula de democracia ao promover o confronto de idéias entre aqueles que querem comandar a Prefeitura nos próximos quatro anos.

CORDIALIDADE
Estava curioso em saber como seria controlar uma platéia de quase 500 pessoas com interesses comuns enquanto servidores, mas com afinidades e paixões antagônicas. Ricardo Freitas, com sua experiência de comandar assembléia sindical, foi o mediador, e impôs respeito. Não houve vaia. Os aplausos durante as falas foram inevitáveis.
Mas em nenhum momento houve desrespeito a qualquer candidato. De quando em vez ouvia-se um suspiro de um ou outro na platéia, mas nada de mais agressivo.E risos, muitos risos, quando o candidato Latinha falava.

OBS 1
Não conseguia ver todo mundo de onde estava, mas enxerguei que apenas duas pessoas não sorriam, quando não caíam na gargalhada durante a fala de José Ouriques. Eu e o candidato João Paulo. Não sei o que o prefeito pensava naquele momento, mas eu não achei legal. A cada risada da platéia Latinha mais se entusiasmava, falando aquele monte de bobagem sem nenhum nexo com a realidade.

OBS 2
Mas o povo adorou. Pelo menos se divertiu. Ah, o povo... Eu não concordo, sei que sou um chato. Fiz questão de mostrar que não concordava com aquelas, digamos, “viagens” do candidato José Ouriques. Não sei se foi isto que JPK pensava naqueles momentos de cara séria.

OBS 3
Pelo bem da verdade todos os outros candidatos ficavam visivelmente constrangidos com a fala de Latinha. Mas, para não passar uma imagem antipática à platéia, protagonizavam sorrisos amarelos.

DE VOLTA
O debate teve um tema central, a valorização do servidor público. E uma queixa recorrente, o Plano de Cargos e Salários e o Estatuto do Servidor, implantados na administração de João Paulo depois de anos de luta da categoria. Enquanto quem está fora do governo insistiu em dizer que o plano e o estatuto foram empurrados goela abaixo, o prefeito-candidato reconhece que é preciso avançar mais, mas lembra que foi ele que fez o que nunca foi feito há pelo menos 10 anos. Essa foi a tônica.

MERENDA IMPORTADA
Outro tema explorado foi a terceirização da merenda na rede pública municipal, feita parcialmente pela atual gestão. Pelo menos três candidatos se mostraram contrários a qualquer tipo de iniciativa neste sentido, e João Paulo, por sorte e pela regra do debate se escapou de ter que tratar do tema, no mínimo polêmico, ainda mais para esta platéia.

ESPAÇO DEMOCRÁTICO
As perguntas foram preenchidas pelos presentes em fichas e encaminhadas para uma espécie de urna. Depois sorteadas e passadas para o mediador, que as encaminhava segundo a ordem dos candidatos definida por sorteio. Foram 15 perguntas da platéia no total. Senti falta de uma. “Em uma eventual greve dos servidores públicos, qual seria a posição do candidato se fosse eleito?”. Fiquei sem saber.

BACANA
Um momento de emoção aconteceu por conta da pergunta que seria feita pelo representante da Rádio Comunitária da Fortaleza Adenilson Teles. Ao citar o nome do jornalista, falecido precocemente em mais um dos tantos estúpidos acidentes nas nossas rodovias, Freitas emocionou-se e Décio e Dari mencionaram o trabalho desenvolvido pelo colega.

OBS 4
Trabalhei com Teles diretamente de dois a três anos. Em outros três ou quatro nossas vidas se cruzavam por conta da nossa profissão. Baita Cara. Baita Jornalista. Pena que se foi. Tinha muito para fazer. Deixou a rádio comunitária da Fortaleza como a semente de uma planta que foi a razão de sua vida. A democratização da comunicação.

FÁCIL
Décio também foi pouco importunado com relação a perguntas que lhe deixassem em saia-justa. Escapou de ter que responder sobre a greve dos servidores no último ano de seu segundo mandato, que terminou com a Justiça pedindo a ilegalidade do movimento, a pedido do então prefeito. Mas foi bem ao resgatar um imaginário popular que tem contra si. Disse “que o servidor decide sim eleição, que o servidor faz a diferença”.

CANDIDATO VERDE
Ivan Naatz parecia pouco a vontade. Estava em meio a pessoas que o conheciam bem, pois foi assessor jurídico da atual coordenação do Sintraseb, cargo do qual foi demitido ( ele sempre frisa esta situação). Mas o achei com o freio de mão puxado. Defendeu a redução drástica dos cargos comissionados e o enxugamento da máquina como a forma de garantir a valorização dos servidores. Boas propostas que careceram de uma melhor segurança do candidato.

PELA ESQUERDA
O candidato do Psol foi bem, mas esteve longe de encantar a platéia. Na sua primeira fala deu direito de resposta para Kleinübing e depois conteve-se. Dari Diehl melhorou bastante sua perfomance, mas não sensibiliza, nem convence. Mas ele, como seu partido, tem o mérito de se fazer uma discussão pelo viés da política ideológica. Algo raro hoje em dia.

A PLATÉIA
Se o espaço comportava 500 pessoas segundo os organizadores, digamos que o debate começou com 450 participantes, pouco mais. Terminou com a metade, e aí, ficou mais claro perceber os apoiadores das duas principais candidaturas. Vários cargos comissionados da Prefeitura e ex-cargos comissionados estavam no evento, assim como havia uma boa parte da turma que ocupava estes cargos quando na administração petista. Foram eles que ficaram até o final.

AVALIAÇÃO
Mais uma vez João Paulo Kleinübing e Décio Lima mostraram porque estão na frente das pesquisas. Eles monopolizaram as atenções com suas realizações e propostas. Foram bem superiores. Muitas vezes me cobram, principalmente os amigos, a dizer quem foi melhor. A avaliação é absolutamente um “chutômetro” e muito relativa, a não ser quando um candidato é bem superior aos demais.

UM PONTO ACIMA
Com base na reação do público, digo que as falas de Décio Lima ganharam aplausos mais entusiasmados da platéia. O que não significa que João Paulo não tenha sido prestigiado, pelo contrário. Mas as do petista tiveram uns decibéis a mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Talvez o blogueiro não tenha notado mas a plateia se dividiu entre os que estão no poder e os que querem voltar. Quem esta no poder levou pessoas que, necessariamente, deveriam aplaudi-los já, quem quer voltar ao poder e, portanto, receber seus FGs ou comissões, fez a mesma coisa. Os demais candidatos foram ao debate para contribuir com a democracia. Dizer que este ou aquele esta mais preparado é uma ousadia do blogueiro sem qualquer alicerce lógico.