sexta-feira, dezembro 05, 2008

AUSÊNCIA

VAI...
A responsável pela secretaria de saúde de Blumenau, Elisabete Ternes Pereira, deixou o cargo para participar de um congresso no Chile. Volta no dia 20 e até lá o veterinário Marcelo Schaefer, diretor da Vigilância em Saúde, comanda a secretaria.

NÃO VOLTA
Imagino que o congresso já devesse ter sido marcado faz tempo, mas será o momento da secretária de saúde se ausentar da cidade? Como a data de retorno é dia 20 de dezembro, nem deve retornar mais para o cargo.

NO PÁREO
Claro que por conta dessas catástrofes todas, as especulações sobre o novo secretariado ficaram em segundo plano. Mas eu já ouvi falar que Marcelo Schaefer estaria sendo cotado para o cargo. A parte positiva da sua suposta indicação é que ele conhece a estrutura e não é médico, ou seja, teria mais condições de enfrentar o corporativismo da classe. Mas como não é ligado a nenhum partido, Schaefer leva desvantagem na disputa pela vaga.

PORTO DE ITAJAÍ

PEGOU MAL
Tomou chumbo de tudo quanto é lado a proposta do deputado federal Décio Lima de federalizar o Porto de Itajaí, na tentativa de garantir mais rapidez no processo de recuperação do local, também bastante castigado por conta da chuvarada. Várias entidades portuárias, assim como lideranças políticas, criticaram duramente a manifestação do petista, que já foi superintendente do porto antes de eleger-se parlamentar.

NEM ENTRE AMIGOS
Até a companheira de partido de Décio, a senadora Ideli Salvatti, descarta a proposta e afastou qualquer possibilidade nesse sentido: “Não existe nenhuma proposta de federalização do porto. Não faço a menor idéia de onde isso tenha surgido” e “neste momento temos que ter a única preocupação que é a reconstrução e não ficarmos criando fatos e confusões onde não existe”, foram algumas expressões manifestadas pela senadora.

NATAL

NOVO TEMPO
Blumenau já viveu momentos como este antes e descobriu que nada melhor do que arregaçar as mangas, se possível com alegria e grandiosidade, para recuperar a estima e voltar à normalidade. Esse foi o espírito do lançamento do Natal Blumenau, Alles Blau, hoje pela manhã na Casa do Comércio. A ambição é grande. Transformar o nosso Natal em referência nacional em pelo menos 10 anos.

PENSANDO GRANDE
Não duvido nada. Da tragédia de 1983 surgiu a segunda maior festa do chope do mundo. Entre as atrações previstas para a programação de Natal, estaria um show de Ivete Sangalo, que seria bancado por uma indústria de cerveja nacional. Além disso, Guga, Zezé di Camargo e Luciano, Família Lima são outras atrações cogitadas. Ainda faltam muitas definições, hoje foi apenas o ponta-pé inicial.

CHATO
Todo mundo estava lá, inclusive os representantes dos veículos de comunicação. Por isso causou um mal estar os elogios de Felix Theiss, que funcionou como uma espécie de “animador” da campanha, para o trabalho desenvolvido pela RBS e pela Globo.

SEGUNDA FASE
As grandes redes nacionais, inclusive a Record, demoraram pelo menos quatro dias para se dar conta do estrago que estava acontecendo em Blumenau. As estrelas da mídia brasileira, como William Bonner e Roberto Cabrini, para ficar em dois exemplos, só apareceram por aqui na quarta-feira. Todas, incluindo aí Globo, Record, SBT, TV Cultura, jornais e revistas fizeram um belo trabalho, que deram visibilidade ao drama local, o que proporcionou esse monte de arrecadação vinda de todo o país.

POOL LOCAL
Mas na hora do vamos ver, que foi da madrugada de domingo até terça-feira, quem segurou as pontas foi um pool de TVs locais, capitaneado pela TV Galega e com a parceria da FURB TV e TV Legislativa. Foram essas emissoras e os profissionais delas que prestaram o mais relevante serviço para a população, que apavorada, não tinha a quem recorrer para obter as informações. Se queria fazer média com alguém, era o trabalho desses profissionais que deveria ser exaltado. Faltou sensibilidade para Félix Theiss.

POLÍTICA

REUNIÃO
Ontem anunciei que uma comitiva de parlamentares estará em Blumenau logo mais às 15h30min, quando participam de reunião com os prefeitos das cidades atingidas e o governador Luis Henrique. Agora pela manhã foram confirmadas as presenças da senadora Ideli Salvatti e do ministro das Cidades, Márcio Fortes.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

LEITURA

DICA
Recebi pela internet e repasso. O texto é longo, mas é uma lúcida reflexão sobre a tragédia da chuva, feita pela ex-ministra Marina Silva. Vale a pena.
A dor que nunca passa
Marina Silva
De Brasília (DF)
Nos anos 1970, quando abriam a BR-364 no Acre, ela cortou ao meio o Seringal Bagaço, onde eu morava com minha família. À derrubada da mata seguiu-se uma epidemia violenta e incontrolável de sarampo e malária. Era gente doente ou morrendo em quase todas as casas. Perdi um primo e meu tio Pedro Ney, que foi uma das pessoas mais importantes da minha infância. Morreu minha irmã de quase dois anos e, quinze dias depois, outra irmã, de seis meses. Seis meses depois, morreu minha mãe. Tudo era avassalador, assustador. Uma dor enorme, extrema, que nunca passou. Para sair disso, tivemos que reconstruir, praticamente, o sentido inteiro do mundo. Aceitar o inaceitável, mas carregá-lo para sempre dentro de si. Ir em frente, enfrentar a dureza do cotidiano, sobreviver, cuidar dos outros. Viver, enfim, e dar muito valor à vida e às pessoas.Em 1985, numa das maiores enchentes do rio Acre em Rio Branco, eu morava no bairro Cidade Nova, na periferia da cidade, numa pequena casa de onde tivemos que sair às pressas, levando o que foi possível numa canoa. O resto foi levado pelas águas, inclusive o único retrato que tínhamos de minha mãe.Penso agora nisso tudo e acho que consigo entender o que sentem os catarinenses, mas ainda estou longe de alcançar o significado estarrecedor de uma perda tão total e instantânea como a que sofreram. Na escuridão, o morro descendo, destruindo tudo, a busca desesperada pelos filhos, a impotência. E, depois, descobrir-se só em meio ao caos: acabou a casa, foram-se as pessoas amadas, o lugar no mundo. Não há mais nada, só a vida física e a força do espírito.Meus filhos andam pela casa com todo vigor, com toda a beleza da juventude, e sequer consigo imaginar o que seria, de uma hora para outra, vê-los engolidos pela terra, debaixo de toneladas de escombros ou mutilados para o resto da vida. É algo terrível demais até no plano da imaginação. Fere a própria alma tão fundo que chega a ser impossível entender plenamente a profunda tristeza de quem enfrenta essa realidade.Na Londres de 1624, os sinos da catedral de São Paulo, onde o poeta John Donne era o Deão, tocavam quase ininterruptamente anunciando as milhares de mortes causadas pela peste. Atingido por grave enfermidade (que chegou a ser confundida com a peste) Donne escreveu então um de seus textos mais conhecidos, a Meditação XVII: "Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de teus amigos ou mesmo tua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti."Hoje, no mundo, os sinos dobram por todos nós e para nos acordar. Grandes desastres podem virar acontecimentos corriqueiros. Não se pode afirmar peremptoriamente que a tragédia de Santa Catarina deriva, em linha direta, das mudanças climáticas identificadas no relatório do IPCC, o Painel Internacional de Mudanças Climáticas da ONU. Mas em tudo se assemelha às previsões de possíveis impactos da mudança no clima do sul do Brasil, até o final do século 21.A natureza, numa pedagogia sinistra, parece exemplificar o que significam esses fenômenos extremos que, em várias regiões do planeta, tenderão a provocar períodos de seca muito mais severos e outros com precipitações intensas.As ações de mitigação necessárias e as adaptações para enfrentar esses efeitos e reduzir nossa vulnerabilidade diante deles, ainda são precárias e estão atrasadas. Os países ricos, detentores de recursos, conhecimento e tecnologia, já avançam em medidas para se proteger. As piores conseqüências deverão recair sobre os países pobres e os em desenvolvimento. A urgência é auto-explicável. Não é um cientista quem o diz e nem um livro. É a natureza, cujos avisos e alertas têm sido insanamente ignorados.O Brasil, que ontem lançou o seu Plano Nacional de Mudanças Climáticas, não tem como deixar de fazer a sua parte, mesmo sem os meios disponíveis nos países ricos. O acontecido em Santa Catarina é um sintoma e deve ser seguido de um esforço de grandes proporções, de início imediato, para tentar evitar que se repita.É preciso que cada um de nós, autoridades públicas, empresas e cidadãos, pensemos nos mortos, nas famílias inteiras soterradas, nas vidas destroçadas debaixo do barro, antes de sermos tolerantes com ocupação em encostas, com destruição de matas ciliares, com o adensamento de áreas de risco, com mudanças de conveniência nas legislações. Não há mais espaço para empurrar os problemas ambientais com a barriga, como tentam fazer alguns, e deixar para "o próximo" o ônus de medidas ditas antipáticas. A omissão que ceifa vidas humanas tem que acabar, mesmo à custa de incompreensões.Nos tempos atuais, há mais um componente na agenda ética: não se deixar corromper diante das pressões para ignorar a proteção ambiental e as medidas de precaução exigidas pela intensificação dos fenômenos naturais. Quem detém algum tipo de representação pública deve se convencer de que é preciso mudar profunda, rápida e estruturalmente os usos e costumes, de modo a preparar o País para um futuro de sérios desafios ambientais. Cada vez mais, não é só uma questão de errar, corrigir o erro e aprender com ele. Agora a palavra de ordem é prevenir o erro, para que não se repitam os olhares perdidos, os rostos esvaziados, o choro inconsolável, a desesperança e as mortes que vimos nesses últimos dias em Santa Catarina.

Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre e ex-ministra do Meio Ambiente.

COTIDIANO

SAÚDE
Dos cincos casos confirmados de leptospirose em SC, nenhum é de Blumenau. Os dados foram divulgados hoje à tarde pela Secretaria Estadual de Saúde. No total são 116 notificações, com 16 suspeitas em Blumenau.

A PROVA
Em conversa com um integrante do primeiro escalão do governo JPK ele falou que agora administração passará por um teste de fogo, pois depois da comoção pública ficam os problemas e as difíceis soluções possíveis. E com eles a cobrança da população passará a aumentar.

TRABALHEIRA
Ele tem razão. Se já era difícil atender as demandas normais da população, imagina daqui para frente, visto que os principais serviços públicos também forão afetados e exigirá um bom tempo para fazê-los funcionar da forma adequada. Postos de Saúde, escolas, estradas, ruas, pontes, energia elétrica, água, por aí vai. Tudo foi atingido. O berreiro vai ser grande.

QUE BOM
Um dia todo de sol. Quanto tempo.

POLÍTICA

CRÍTICA
O ex-candidato a prefeito Ivan Naatz (PV) tem feito circular pela internet a reprodução de uma reportagem da revista Isto É desse final de semana, onde o jornalista Marcos Sá Corrêa relaciona a tragédia ocorrida no estado com o que seria um descaso por parte do governador Luis Henrique com o meio ambiente.

CAMINHOS SEPARADOS
Não vou entrar no mérito da reportagem do jornalista, mas apenas dar uma apimentada nos bastidores da política, deixados de lado por conta dos últimos acontecimentos. Ao bater pesado contra o governador, imagino que Ivan Naatz esteja descartando o PMDB como seu futuro político, lembrando que o suplente de deputado já anunciou que somente indo para uma sigla mais forte teria chance de alçar vôos mais altos. E uma delas seria o próprio PMDB.

POLÍTICA E CHUVA

UM POUCO MAIS DE AGILIDADE
Há um jogo de empurra com relação à liberação de verbas já anunciadas pela União para atender os atingidos pela chuva em Santa Catarina. Parlamentares catarinenses pressionam o Governo Federal , mas o ministro da Integração Nacional, Gedel Vieira, disse que o ministério ainda não recebeu o relatório dos estragos que deve ser enviado pelas Prefeituras.

APOIO EXTERNO
A Prefeitura de Blumenau já fez o seu, segundo a Procuradora do Município. Mas as demais cidades, principalmente as menores, encontram dificuldades para fazer o tal relatório e por isso se reuniram com representantes da Defesa Civil nacional e estadual para receber as orientações.

IMPORTÃNCIA
Somente com base nestes relatórios, que podem ser parciais, que o dinheiro começará a ser liberado. A mesma situação se aplica para os saques do FGTS. A Caixa Econômica Federal precisa ter em mãos os levantamentos para poder dimensionar a real necessidade. É certo que muita gente está reclamando, mas não poderia ser de outra maneira, até para garantir a eficiência na aplicação dos recursos.

VISITA
Uma comissão de deputados e senadores baixa em SC amanhã e em Blumenau na parte da tarde. Eles vão avaliar de perto os estragos para discutir a destinação das verbas. Ás 15h30m estarão na sede da Prefeitura para se reunir com os prefeitos das cidades da região.

A LISTA
Na comitiva estão o deputado Mendes Ribeiro (Presidente da Comissão Mista do Orçamento da Câmara dos Deputados), senador Delcídio Amaral (Relator Geral do Orçamento), senadora Kátia Abreu (Presidente da Confederação Nacional da Agricultura) e o deputado Paulo Bornhausen (Presidente da Comissão Externa para Avaliar a Catástrofe ocorrida em SC). Além deles está prevista também a presença do governador Luis Henrique da Silveira.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

ATUALIZAÇÃO

NÚMEROS
A secretaria de Comunicação da Prefeitura atualiza os dados da operação Esperança, que são esses:

População atingida : 103 mil pessoas
População desabrigada : 25 mil pessoas
Número de abrigos públicos : 50
Pessoas alojadas nos abrigos públicos :4.4 mil pessoas
Vítimas fatais :24 (3 afogamentos e 21 soterramentos)
Energia Elétrica :99% restabelecido
Abastecimento de Água: 90% normalizando
Pessoas envolvidas na Operação Esperança :5.389 (3.889 pertencentes a 19 instituições + 1.500 voluntários)
Pessoas removidas e resgatadas Via aérea: 570 pessoas
Pessoas removidas e resgatadas por terra: 4.500 pessoas.
Suprimentos distribuídos via aérea:23,2 toneladas
Operações Aéreas:212

SOLIDARIEDADE

CAMPANHA TRANSPARENTE
O Ministério Público anunciou que não é sua competência fiscalizar doações em dinheiro, como havia sido anunciado pelo Instituto Ressoar, braço social da Rede Record. Imediatamente a emissora, que já arrecadou quase R$ 6 milhões em uma semana de campanha, contratou a Trevisan Auditores, uma das empresas de auditoria mais conceituadas do país. O dinheiro da campanha vai exclusivamente para a construção de casas para as pessoas atingidas.

MALDADE
Uso o termo acima, para não chamar de sacanagem a nota publicada na página 3 do Jornal de Santa Catarina de hoje. A manchete é “Sem Fiscalização” e fala da decisão do MP sobre a campanha da Ressoar. Mas omite a contratação da Trevisan Auditores e busca claramente denegrir a campanha da Rede Record.

UNIÃO
O momento é de união e não de ciumeira e dor de cotovelo. Mas imagino que o jornal terá grandeza em esclarecer a nota na edição de amanhã. Pelo menos assim espero.

FUNCIONALISMO

INCIATIVA POSITIVA
A Prefeitura faz bem ao tomar a decisão de cancelar as tradicionais férias coletivas dos servidores municipais, marcadas para começarem no dia 22 de dezembro e mais ainda em restabelecer o turno normal de atendimento, pela manhã e à tarde.

terça-feira, dezembro 02, 2008

SOLIDARIEDADE

SOLIDARIEDADE QUE SURPREENDE
Tantas são as demonstrações de solidariedade, que faltam adjetivos para ilustrar a capacidade do ser humano de se ajudar em momentos de calamidade como o que passamos. A sociedade de consumo, individualista, dá lugar à pessoas fraternas e solidárias. Entre os inúmeros exemplos, chama a minha atenção uma reportagem postada no site da folha (www.folha.uol.com.br). Detentos do presídio central de Porto Alegre anunciam que farão um jejum de 24 horas em prol dos atingidos pela chuva. De acordo com a reportagem, a expectativa é arrecadar 1,546 kg de alimentos. Não é surpreendentemente bacana?

BLUMENAU PÓS-CASTÁSTROFE

DE VOLTA A TERRA
O primeiro momento foi o de emergência, o segundo de solidariedade e o terceiro é de seguir em frente com a nova realidade que se apresenta. Muitos questionamentos pairaram no ar ao longo dos últimos dias, mas não foram feitos por não ser o momento. À medida que o tempo passa e as coisas tentam retornar a normalidade, se isso é possível, as perguntas começam a ser postas na mesa em busca de respostas.

PONTOS DE INTERROGAÇÃO
De minha parte seguem três perguntas: a Defesa Civil de Blumenau se baseou em qual fonte para minimizar o volume da chuva no sábado, dia 28? A explosão de canos do gasoduto, sábado na BR 470 e domingo à noite em Belchior, não tiveram nenhuma influência no deslizamento de terras acontecido no Vale, em especial no Morro do Baú e arredores? E quem irá fiscalizar a aplicação desses milhões de reais que estão vindo para a cidade através das mais diversas campanhas de arrecadação?

segunda-feira, dezembro 01, 2008

ECONOMIA PÓS-CATÁSTROFE

INJEÇÃO DE ÂNIMO
Para tentar estimular consumidores e lojistas e reanimar a economia, o comércio de Blumenau pretende promover este ano um "mega-natal". Segundo Alexandre Peters, presidente do Sindilojas, R$ 2 milhões já estão garantidos para a promoção, que deve reunir artistas nacionais na cidade.

SOLIDARIEDADE

NOVA MORADA
Aconteceu hoje a primeira reunião entre a Cohab catarinense e o Instituto Ressoar, braço social da Rede Record. O objetivo é viabilizar a parceria que garanta a construção de casas e apartamentos para as pessoas atingidas pela chuva. Desde a última sexta-feira a emissora está com uma campanha em rede nacional visando arrecadar fundos para a construção de moradias destinadas a quem perdeu tudo.

TRANSPARÊNCIA
Durante a reunião aconteceu o mapeamento de possíveis locais para a construção das moradias. Até o meio da tarde, o volume de doações já chegou a R$ 2,8 milhões. Para dar transparência à arrecadação e a destinação dos recursos, o Instituto Ressoar conta com o apoio do Ministério Público no acompanhamento do dinheiro que entra e sai.

MAIS A FRENTE
A campanha é de suma importância, pois ela significa uma luz para as pessoas que perderam tudo. Comida e roupas elas estão recebendo agora. Mas precisam mesmo de um futuro. E uma casa é o melhor alicerce para isso.

AJUDE
Para quem puder contribuir, o banco é o Bradesco, AG: 0922-9, conta corrente 2500-3. O CNPJ do Instituto Record de Responsabilidade Social é o 07.669.797/0001-63.

CHUVA

SOS PARA TODOS
A leitora Josiane Sanzon entra em contato com o blog para fazer um desabafo que temos ouvido de várias lideranças de outras cidades da região, principalmente Luis Alves, Ilhota e Gaspar. É que as atenções estão voltadas muito para Blumenau e Itajaí, como não poderia deixar de ser, e a população vizinha está ficando em segundo plano. O prefeito de Gaspar, Adilson Schmitt, é uma das lideranças que reclama e com razão. Eles querem que a ajuda chegue para todos.

DO LEITOR
Voltando ao e mail enviado pela Josiane, reproduzo na íntegra.

Não posso deixar passar a minha indignação, repudia e tristeza ao acontecimento do ultimo sábado. Como todos sabem, muitas famílias tiveram que sair de Luis Alves e virem se alojar em nossa devastada cidade, mas ainda inteira Blumenau.

Blumenau é de um povo solidário, amigo e forte na luta, vamos reconstruir a cidade melhor do que já era, tenho certeza disso.

Mas, o que venho tristemente falar aqui é que, uma dessas famílias que saíram de Luis Alves esta alojada na casa de amigos, e no ultimo final de semana, foi ate a Igreja São Francisco de Assis (Fortaleza) buscar apenas fraldas e leite e foram escorraçadas de lá por uma Assist. Social, que os informou que não poderia fazer doações de nenhuma espécie a eles, pois são de outra cidade. Os mesmos foram informados que deverão se dirigir a Luis Alves para buscar os donativos que foram enviados pra lá.

Me entristece essa indiferença, eu mesma estive ajudando muitos de Gaspar e ajudaria de outras regiões se fosse possível. Agora pergunto como eles irão ate lá sem carro? Com as estradas do jeito que estão?? As 22 toneladas de alimentos que recebemos não serão suficientes para ajudarmos as cidades vizinhas e as pessoas que aqui se alojaram?


REFLEXÃO
O povo de Blumenau é forte e acostumado a receber a solidariedade de todo o país. Se aconteceu do jeito que a Josiane está falando mesmo é lamentável. E não condiz com a nossa gente. É preciso ter grandeza em um momento como este.



domingo, novembro 30, 2008

PESSOAL

DE VOLTA
Neste momento que volto a escrever no blog, completa-se uma semana da última postagem, quando a “casa” literalmente começou a cair para boa parte dos blumenauenses e nas demais cidades da região. Como expliquei na postagem anterior, fiquei impossibilitado de estar aqui por conta de problemas técnicos, como a falta de luz durante quase três dias, e pela correria que virou a rotina pessoal e da tv. Pretendo tentar voltar a postar a partir de agora e como já começo atrasado a falar da catástrofe, não tenho a ambição de ficar atualizando constantemente com informações e serviços, por falta de fôlego. Alguns colegas já estão fazendo este trabalho na rede, com destaque para o allesblau.net.

A MINHA
Quase todos têm histórias para contar sobre a tragédia que atingiu gente em todas regiões da cidade. Para retomar o contato com os leitores quero descrever a minha rotina nos últimos oito dias e assim passar um pouco da visão de um jornalista experiente em meio ao caos urbano. E que tremeu na base com o que viu e viveu.

O START
Um telefonema entre quatro e cinco horas da manhã do sábado retrasado (22) dava conta que uma explosão acontecia naquele momento na BR 470, em Gaspar. Chovia muito. Era uma tubulação do gasoduto. Quando consegui mobilizar uma equipe da Ric Record, descobri que o competente e abnegado Caio Santos já estava no local fazendo as primeiras imagens. Uma cratera sugou um Fiat Pálio, cujo motorista só teve tempo para ligar o alerta e fugir correndo. Não sou místico, mas naquele momento havia um prenúncio de que os próximos dias seriam difíceis. Mas não podia esperar que fossem tão dolorosos.

A CONFIRMAÇÃO
A partir daquele momento os telefones não pararam mais e a tensão começava a crescer. Durante o sábado a chuva não deu trégua e as notícias de pessoas isoladas e ameaçadas começavam a aparecer de diversos lugares. À tarde, a primeira vítima fatal das 24 oficiais divulgadas até agora. A pequena Luana, de três anos. Estive lá com o cinegrafista Demian Lenine assim que aconteceu. A expressão que o mundo veio abaixo se aplicava bem ao que vi. Tristeza, raiva e muito medo estavam estampadas no rostos dos moradores da rua Araranguá, que acompanhavam o resgate do corpo e a dor da família.

FORA DO AR
A Ric Record não tem programação de jornalismo sábado à noite e nem domingo durante o dia, mas os fatos mudaram a grade da emissora, que fez um grande jornal sábado à noite e domingo à tarde. Até a água bater a nossa porta, cujo limite aconteceu no final da tarde de domingo. Um grupo de poucas pessoas (muitos funcionários não tinham como chegar a tv e outros estavam tentando proteger suas famílias e salvar seu patrimônio) desmontou todos aparelhos (câmeras, ilhas de edição, monitores, computadores, etc) para levar para o segundo andar. A água impedia a passagem de carros a partir da frente da sede da emissora e os poucos que se aventuraram passar tiveram que ser resgatados. Desde esse momento ficamos fora do ar e eu também por conta do que acontecia na minha casa.

CAOS
Pela correria, tive que trafegar pela cidade seis vezes de sábado à segunda pela manhã, os momentos mais críticos. Era o caos. Ruas alagadas, carros andando na contra-mão, “cachoeiras” que caiam das ruas mais altas, motoristas nervosos, poucos caminhos. Meu trajeto é normalmente tranqüilo, da Velha para a Ponta Aguda, saindo da Gustavo Budag passando pela João Pessoa, Paraíba, Ponte de Ferro e rua das Missões. Nesses dias a tranqüilidade deu lugar ao medo e a uma parte de irresponsabilidade, pois o risco era grande.

LOCALIZANDO
Para que o leitor entenda, eu moro exatamente atrás do Clube Vasto Verde, sendo dividido pelo Ribeirão da Velha que não parava de subir de forma ameaçadora. O clube é uma referência por sua importância e pela destruição ocorrida, com várias fotos circulando na Internet. O nosso prédio tem três andares e dois blocos, um com 12 e outro com seis apartamentos e moro com minha esposa nesse com menos apartamentos, no terceiro andar. No sábado perto da meia noite a energia foi cortada e no domingo, a noite foi muito difícil. No escuro e com a água entrando com uma força pela frente e por trás do prédio, tivemos muito medo. E ficávamos tentando avaliar os momentos de pavor que milhares de blumenauenses passavam naquele momento, na tentativa de minimizar os nossos temores.

“TRANQUILO”
Naquele momento a minha avaliação foi seguinte. Mesmo com falta de energia, teríamos alimentação para pelo menos quatro dias, na hipótese da chuva permanecer intensa e a água não baixar. Nunca pensei que a estrutura do prédio pudesse estar ameaçada, o que só percebi no dia seguinte, quando São Pedro resolver dar uma amenizada e foi possível ver os estragos. A ficha do risco que corremos só caiu depois.

DE VOLTA AO MUNDO
Apreensivo com a situação da morada, a tarefa era re-ligar a tv ao mundo. Difícil, pois poucos podiam chegar até a emissora por causa da dificuldade de circular na cidade e nas estradas da região. Conseguimos fazer um especial na segunda-feira à noite e entramos de forma precária com o sinal de Florianópolis no Jornal Meio Dia de terça, com participações nossas, para restabelecer a operação plena na terça-feira à noite.

TIME
Uma verdadeira força-tarefa começou a ser montada para colocar a tv no ar e recuperar o tempo perdido. Diversos profissionais foram agrupados ao quadro da Ric Record e no mínimo quatro equipes por turnos foram mobilizadas para estar em todos os bairros. De uma forma mórbida, nunca foi tão fácil achar pautas e histórias para contar. Era só andar pela cidade. A notícia estava a cada esquina, a cada quadra.

ACORDARAM
Apenas dois dias depois a imprensa nacional começou a se dar conta da tragédia que acontecia no Vale. O foco inicial ficou direcionado para Itajaí, que estava debaixo de água, mas o número de mortos era muito menor. Quando as grandes redes nacionais de tv captaram o drama daqui, vários ícones do jornalismo e da tv brasileira pousaram aqui. Até um “circo” foi montado para a transmissão do Programa Mais Você, de Ana Maria Braga, na Globo causando um longo congestionamento na Beira Rio, que teve duas pistas interditadas. E ainda vários profissionais que poderiam estar ajudando os atingidos estavam a serviço do programa, como no caso de militares que foram obrigados a segurar a tv de plasma para a apresentadora.

EM PESO
A direção e o jornalismo nacional da Record aportaram na região, com Brito Jr., Paulo Henrique Amorim e Roberto Cabrini. Uma campanha foi lançada para buscar recursos que serão destinados exclusivamente a construção de casas. Em apenas um dia (final da tarde de sexta), mas de R$ 1 milhão já havia sido arrecadado pelo Instituto Ressoar. Vários de nossos profissionais entraram em rede nacional, com destaque para as entradas ao vivo da repórter Angélica Sattler e das reportagens do Henrique Zanotto em parceria com o Caio Santos. A Record News, emissoras da Record em outros locais do pais, assim como emissoras de rádio tem a gente como base de informação e apoio.

MAIS TARDE
Quero uma hora dar visibilidade ao trabalho do pessoal da emissora. Eles chegaram a lugares que só os apaixonados pelo jornalismo conseguem. São cenas, sons e depoimentos que não serão esquecidos jamais.

RESUMO
Era isso para voltar a escrever...Depois tem mais.