domingo, outubro 26, 2008

LEITURA DOMINICAL

COPIANDO
Reproduzo neste espaço trecho da coluna de um dos mais importantes jornalistas políticos do país, Jânio de Freitas. Com o título “Nem partidos nem políticos”, ela está na Folha de São Paulo de domingo. Analisa o cenário nacional, com foco na eleição à Prefeitura do Rio de Janeiro:

{...} as eleições formalizaram o atestado de óbito da identidade destes partidos. Os quais, por definição, só podem ter sentido em razão da sua identidade.Importa pouco, ou nada, se as identidades partidárias já estavam todas extintas, e as eleições vieram a demonstrá-lo com clareza inequívoca, ou se sobreviviam em coma, em morte cerebral, e agora se extinguiram. A realidade é que os partidos não existem. E, sem a reforma política que crie um novo conjunto de partidos com identidades ofertadas à orientação do país, o que se chamará de política serão apenas transações e aventuras de todo tipo. Com a pior índole e nenhum compromisso senão com vantagens.As alianças partidárias, legítimas como aproximação política dos que tenham ideários e metas circunstancialmente complementares, tornaram-se uma bagunça quase sempre indecente pelo país afora. Uma corrida a jazidas de ouro reabertas.

EU DE NOVO
Quando os partidos passam a ser todos iguais e regidos pela mesma lógica, a ideologia vai para o espaço e dá lugar a barganha pura e simples. “Me ajuda aqui que te ajudo lá” é o discurso. Bandeiras históricas de lutas são rasgadas em troca de conveniências eleitorais do momento.

REFORMA À CONSTITUIÇÃO
Sou daqueles que acham que o partido é fundamental à Democracia, por isso me frustro com a mesmice que eles se tornaram. O que os une são os interesses de um determinado grupo em oposição a outros e não uma ideologia clara ou um projeto administrativo com marcas próprias. Sou daqueles que defendem a reforma política, há tanto tempo falada e sem nenhuma evolução no Congresso Nacional. Ela é fundamental para que consigamos dar transparência e mais igualdade ao processo político.

PARA PROVOCAR
A análise nacional de Jânio de Freitas pode ser feita aqui em Blumenau também. Ou não?

MUDANDO DE ASSUNTO
Como o que me motivou a tocar no assunto acima foi a minha leitura dominical da Folha, destaco uma curiosidade, triste, mas com uma simbologia carinhosa, principalmente para quem é do meio da comunicação. A reportagem chamou a atenção pela manchete. Somente depois vi que estava na página do obituário. Mas faço a reprodução no principal jornal do país para a despedida de um jornalista que cativou muita gente em Blumenau e região:


O Velho Freitas, descobridor de talentos

ESTÊVÃO BERTONIDA REPORTAGEM LOCAL
"Acho importante ressaltar que ele foi um descobridor de novos talentos e um verdadeiro professor para os mais jovens", diz Valéria, única filha do Velho Freitas.O primeiro trabalho do publicitário Washington Olivetto, por exemplo, teve a mãozinha do jornalista Carlos Luiz de Freitas. Foi ele quem indicou o rapaz, na década de 70, ao dono da agência Harding-Jiménez.Por meio de sua assessoria, Olivetto diz não se lembrar de Freitas, mas Juvenal Azevedo, antigo dono da empresa, confirma a história."Foi o Freitas quem me indicou o nome de Olivetto. Ele fez uma prova, se saiu muito bem, e foi fazer estágio na agência", lembra Azevedo.No que se refere à carreira do publicitário, a história já é conhecida. A do Velho Freitas, entretanto, permaneceu silenciosa -taciturno e muito observador, era avesso ao bafafá criado em cima dos profissionais da imprensa.No seu canto, orientava os jornalistas mais novos. "Costumava dizer que todo bom repórter tem um pouco de poeta", lembra a amiga jornalista, que diz ter aprendido muito com ele. Autor de oito livros, trabalhou nesta Folha de 1949 a 1958. Passou também pelas revistas "O Cruzeiro" e "Manchete" e por jornais de Santa Catarina.Atualmente, vivia num asilo. Morreu no domingo passado, aos 90, em Blumenau (SC), em conseqüência de um câncer na próstata e de complicações de uma diabetes. Deixa dois netos.

Um comentário:

Jota Lopes disse...

Aos que gostam da pena bem usada, "seu" Freitas deixa um legado inesquecível. Que bom tê-lo conhecido. Pena tê-lo perdido.