domingo, novembro 30, 2008

PESSOAL

DE VOLTA
Neste momento que volto a escrever no blog, completa-se uma semana da última postagem, quando a “casa” literalmente começou a cair para boa parte dos blumenauenses e nas demais cidades da região. Como expliquei na postagem anterior, fiquei impossibilitado de estar aqui por conta de problemas técnicos, como a falta de luz durante quase três dias, e pela correria que virou a rotina pessoal e da tv. Pretendo tentar voltar a postar a partir de agora e como já começo atrasado a falar da catástrofe, não tenho a ambição de ficar atualizando constantemente com informações e serviços, por falta de fôlego. Alguns colegas já estão fazendo este trabalho na rede, com destaque para o allesblau.net.

A MINHA
Quase todos têm histórias para contar sobre a tragédia que atingiu gente em todas regiões da cidade. Para retomar o contato com os leitores quero descrever a minha rotina nos últimos oito dias e assim passar um pouco da visão de um jornalista experiente em meio ao caos urbano. E que tremeu na base com o que viu e viveu.

O START
Um telefonema entre quatro e cinco horas da manhã do sábado retrasado (22) dava conta que uma explosão acontecia naquele momento na BR 470, em Gaspar. Chovia muito. Era uma tubulação do gasoduto. Quando consegui mobilizar uma equipe da Ric Record, descobri que o competente e abnegado Caio Santos já estava no local fazendo as primeiras imagens. Uma cratera sugou um Fiat Pálio, cujo motorista só teve tempo para ligar o alerta e fugir correndo. Não sou místico, mas naquele momento havia um prenúncio de que os próximos dias seriam difíceis. Mas não podia esperar que fossem tão dolorosos.

A CONFIRMAÇÃO
A partir daquele momento os telefones não pararam mais e a tensão começava a crescer. Durante o sábado a chuva não deu trégua e as notícias de pessoas isoladas e ameaçadas começavam a aparecer de diversos lugares. À tarde, a primeira vítima fatal das 24 oficiais divulgadas até agora. A pequena Luana, de três anos. Estive lá com o cinegrafista Demian Lenine assim que aconteceu. A expressão que o mundo veio abaixo se aplicava bem ao que vi. Tristeza, raiva e muito medo estavam estampadas no rostos dos moradores da rua Araranguá, que acompanhavam o resgate do corpo e a dor da família.

FORA DO AR
A Ric Record não tem programação de jornalismo sábado à noite e nem domingo durante o dia, mas os fatos mudaram a grade da emissora, que fez um grande jornal sábado à noite e domingo à tarde. Até a água bater a nossa porta, cujo limite aconteceu no final da tarde de domingo. Um grupo de poucas pessoas (muitos funcionários não tinham como chegar a tv e outros estavam tentando proteger suas famílias e salvar seu patrimônio) desmontou todos aparelhos (câmeras, ilhas de edição, monitores, computadores, etc) para levar para o segundo andar. A água impedia a passagem de carros a partir da frente da sede da emissora e os poucos que se aventuraram passar tiveram que ser resgatados. Desde esse momento ficamos fora do ar e eu também por conta do que acontecia na minha casa.

CAOS
Pela correria, tive que trafegar pela cidade seis vezes de sábado à segunda pela manhã, os momentos mais críticos. Era o caos. Ruas alagadas, carros andando na contra-mão, “cachoeiras” que caiam das ruas mais altas, motoristas nervosos, poucos caminhos. Meu trajeto é normalmente tranqüilo, da Velha para a Ponta Aguda, saindo da Gustavo Budag passando pela João Pessoa, Paraíba, Ponte de Ferro e rua das Missões. Nesses dias a tranqüilidade deu lugar ao medo e a uma parte de irresponsabilidade, pois o risco era grande.

LOCALIZANDO
Para que o leitor entenda, eu moro exatamente atrás do Clube Vasto Verde, sendo dividido pelo Ribeirão da Velha que não parava de subir de forma ameaçadora. O clube é uma referência por sua importância e pela destruição ocorrida, com várias fotos circulando na Internet. O nosso prédio tem três andares e dois blocos, um com 12 e outro com seis apartamentos e moro com minha esposa nesse com menos apartamentos, no terceiro andar. No sábado perto da meia noite a energia foi cortada e no domingo, a noite foi muito difícil. No escuro e com a água entrando com uma força pela frente e por trás do prédio, tivemos muito medo. E ficávamos tentando avaliar os momentos de pavor que milhares de blumenauenses passavam naquele momento, na tentativa de minimizar os nossos temores.

“TRANQUILO”
Naquele momento a minha avaliação foi seguinte. Mesmo com falta de energia, teríamos alimentação para pelo menos quatro dias, na hipótese da chuva permanecer intensa e a água não baixar. Nunca pensei que a estrutura do prédio pudesse estar ameaçada, o que só percebi no dia seguinte, quando São Pedro resolver dar uma amenizada e foi possível ver os estragos. A ficha do risco que corremos só caiu depois.

DE VOLTA AO MUNDO
Apreensivo com a situação da morada, a tarefa era re-ligar a tv ao mundo. Difícil, pois poucos podiam chegar até a emissora por causa da dificuldade de circular na cidade e nas estradas da região. Conseguimos fazer um especial na segunda-feira à noite e entramos de forma precária com o sinal de Florianópolis no Jornal Meio Dia de terça, com participações nossas, para restabelecer a operação plena na terça-feira à noite.

TIME
Uma verdadeira força-tarefa começou a ser montada para colocar a tv no ar e recuperar o tempo perdido. Diversos profissionais foram agrupados ao quadro da Ric Record e no mínimo quatro equipes por turnos foram mobilizadas para estar em todos os bairros. De uma forma mórbida, nunca foi tão fácil achar pautas e histórias para contar. Era só andar pela cidade. A notícia estava a cada esquina, a cada quadra.

ACORDARAM
Apenas dois dias depois a imprensa nacional começou a se dar conta da tragédia que acontecia no Vale. O foco inicial ficou direcionado para Itajaí, que estava debaixo de água, mas o número de mortos era muito menor. Quando as grandes redes nacionais de tv captaram o drama daqui, vários ícones do jornalismo e da tv brasileira pousaram aqui. Até um “circo” foi montado para a transmissão do Programa Mais Você, de Ana Maria Braga, na Globo causando um longo congestionamento na Beira Rio, que teve duas pistas interditadas. E ainda vários profissionais que poderiam estar ajudando os atingidos estavam a serviço do programa, como no caso de militares que foram obrigados a segurar a tv de plasma para a apresentadora.

EM PESO
A direção e o jornalismo nacional da Record aportaram na região, com Brito Jr., Paulo Henrique Amorim e Roberto Cabrini. Uma campanha foi lançada para buscar recursos que serão destinados exclusivamente a construção de casas. Em apenas um dia (final da tarde de sexta), mas de R$ 1 milhão já havia sido arrecadado pelo Instituto Ressoar. Vários de nossos profissionais entraram em rede nacional, com destaque para as entradas ao vivo da repórter Angélica Sattler e das reportagens do Henrique Zanotto em parceria com o Caio Santos. A Record News, emissoras da Record em outros locais do pais, assim como emissoras de rádio tem a gente como base de informação e apoio.

MAIS TARDE
Quero uma hora dar visibilidade ao trabalho do pessoal da emissora. Eles chegaram a lugares que só os apaixonados pelo jornalismo conseguem. São cenas, sons e depoimentos que não serão esquecidos jamais.

RESUMO
Era isso para voltar a escrever...Depois tem mais.

7 comentários:

Anônimo disse...

Prabéns Alexandre pelo excelente tabalho de Record. Temos sim que valorizar os profissionais da imprensa local: ´radio Nereu e Clube, Tv e Furb, TV Galega e voc~es da RIc. O que não podemos aceitar é que transformem nossa tragédia em um "circo de horrores" na disputa por pontos de audiência!
Força Blumenau, Abraço Cristiane

Unknown disse...

Olá Alexandre, seja bem vindo de volta ao lar...
Gostaria de dar a minha contribuição no sentido de reafirmar, como já tenho feito em outros meios de comunicação, a minha indignação contra aqueles que procuram se aproveitar deste momento difícil para milhares de pessoas para obterem lucro fácil. Evidentemente falo daqueles covardes que se aproveitaram da vulnerabilidade da população para aumentar de forma abusiva ou não os preços de itens básicos como pão, água e botijão de gás, por exemplo.Quando em contato com o PROCON fomos informados que precisaríamos da nota ou cupom fiscal para produzir prova, porém, quem perdeu tudo ou quase tudo não pode se dar ao luxo de pagar mais caro apenas para reclamar depois, não faz o menor sentido.
Tenho sugerido aos meus amigos e a quem me pergunta que seja criada uma grande rede na qual todos possam inserir o nome destes estabelecimentos para que, num segundo momento, possamos boicotá-los como forma de pressão contra tal atitude vil e desprezível.
Infelizmente, embora muitos apóiem a idéia, poucos, na verdade quase ninguém, se demonstrou interessado em participar de forma concreta. É uma pena...

Anônimo disse...

Concordo Glayton, Amadori(rua Estanislau Schaette e Joinville) e padaria no final da rua Joinville foram alguns deles.

Anônimo disse...

E A CRUZ DO ZENDRON???????????? QUEM SE AVENTURA A COMENTAR?????

Anônimo disse...

Preciso compartilhar esta situação.
Fui afetado, mesmo que pouco comparado a outra pessoas, mas fui afetado. Minha casa fica num morro, nos fundos da minha casa tem um murro bem reforçado, e depois do murro é um barranco.
O barranco deslizou, não chegou a comprometer a casa nem o muro, no entanto como ficou rente, acentuado e alto o declive penso em reforçar o muro e recuperar o barranco. Preciso de ajuda técnica e auxílio financeiro pois não tenho posses. Pois bem, o primeiro passo foi liguar para a defeza civil ontem (30/11) que me passaram 3 telefones de técnicos da prefeitura para eu contactar e saber o que poderei fazer.
Segundo passo, hoje (01/12) liguei para os 3 telefones, as atendentes dizem que os técnicos estão bastante ocupados (eu acredito) e que não podem fazer uma avaliação, não tem disponibilidade.
Senhores, o que está sendo noticiado que o governo está destinando recursos para cá, eu temo que não será aplicado onde devidamente deveria ser... se nem dar uma passada na casa do cidadão a prefeitura não faz, o restante então dá pra imaginar, estamos perdidos.
Outra situação é de um amigo meu que teve o prédio comprometido pelas águas e agora terá que reaterrar firmemente para estabilizar o terreno, também procurou auxílio na prefeitura pois a monta foi de igual valor ao apartamento dele, não obteve sucesso no contato com a prefeitura. O que estão dizendo é que é pra deixar passar... deixar passar e cair tudo?
Eu sei que tem gente que perdeu tudo, mas acho que a prefeitura poderia ser mais humana, entender que estamos desesperados e agilizar os atendimentos e fazer os devidos encaminhamentos, inclusive para estas pessoas que perderam tudo... é um sentimento de frustração!

Anônimo disse...

Para conhecimento.
Vale salientar que as informações abaixo com dados é do dia 24-11, onde a tragédia se iniciou dia 21 a noite e dia 23(que foi o dia de maior caos) não havia qualquer notícia até para nos que estávamos no meio da tragédia- as poucas notícias que tínhamos era de rádios locais pois a mídia televisiva somente partiu para uma atenção ao caos no dia 24-. . Pois os trabalhos efetivos de resgate em áreas isoladas pela tragédia somente começaram dia 24 a tarde. E já no dia 26 o número de vítimas era próximo de 100(encontradas).


Assunto: UM MINUTO DE SILÊNCIO?


a região do vale do itajaí esperou 04 dias pelo socorro federal, não havia uma aeronave ou um membro do exercito brasileiro para ajudar, enquanto estes desastres ocorre fora do Brasil o socorro é imediato.


UM MINUTO DE SILÊNCIO?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu hoje, ao final da abertura da 1ª Conferência Nacional da Aprendizagem Profissional, em Brasília, um minuto de silêncio pelos mortos em razão das chuvas em Santa Catarina. Ele disse que o país acompanha "com tristeza" as notícias das mais de 50 pessoas que já morreram no Estado. Lula informou que já mandou o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, para a região e que, amanhã, irão os ministros dos Transportes, Alfredo Nascimento, e o chefe do Gabinete da Segurança Institucional, Jorge Félix.
SANTA CATARINA NÃO É CUBA
Quando os furacões assolaram o Caribe, as doações do governo Lula para Cuba, na forma de alimentos, medicamentos e materiais diversos, superaram os R$ 50 milhões, apenas pelo que foi publicado na imprensa, pois tudo o que se relaciona ao império comunista da dinastia Castro reveste-se do maior sigilo.
Em arroz foram enviadas 15 mil toneladas, a um custo de R$ 30 milhões. Boeings desceram em Havana carregados de doações. Lula, que saiu até atrás de navio espanhol para levar alimentos para Cuba, ainda não disse quantos milhões enviará para reconstruir o estado de Santa Catarina, devastado pelas chuvas, com número de mortos que já supera a casa de meia centena de cidadãos brasileiros.
O site do PT, à época dos furacões, trombeteou condoído que morreram sete pessoas na ilha, "o que para Cuba era muito". Para o PT, que até agora fez apenas os discursos de praxe, é muito ou pouco os 75 mortos em Santa Catarina (até 25 de novembro, com números aumentando alarmantemente)? Se Cuba recebeu R$ 50 milhões, quanto Santa Catarina merece?
A ilha de Lula é Cuba, não devemos esquecer.
Para Santa Catarina, um minuto de silêncio.

Katrina passou na janela, e a Carolina barbuda não viu
O furacão Ike matou quatro pessoas em Cuba. As chuvas já fizeram, em números oficiais, provavelmente subestimados porque deve haver corpos soterrados, 69 vítimas fatais em Santa Catarina.
Duas tragédias, dois presidentes. Para responder à emergência cubana, com seus quatro mortos, Luiz Inácio Castro da Silva convocou uma reunião de emergência com sete ministérios e editou uma MP determinando ajuda humanitária ao país. Para Santa Catarina, por enquanto, ele pediu um minuto de silêncio. Ah, sim: determinou que quatro ministros dêem uma espiadela na tragédia que acomete o estado. O governo ofereceu helicópteros para resgate e alguns colchões. E só. Nada de Medida Provisória liberando dinheiro.
Vamos entender as coisas na sua devida dimensão. A presença de ministros no local da tragédia, se não tiverem recursos a oferecer, é inútil. O papel da solidariedade política cabe ao chefe da nação — que é Lula. Ele, sim, já deveria ter pisado em solo catarinense para evidenciar que a população não está só. Tratar-se-ia de um simbolismo, enquanto seus auxiliares, em Brasília, viabilizariam os recursos. E olhem que nem seriam necessários sete ministros...
É o lado Bush de Lula. Katrina passou na janela, e a Carolina barbuda não viu.
O povo de Santa Catarina já se ergueu de outras tragédias. E o fará de novo. Que isso não sirva para esconder a lentidão do governo federal em prestar socorro àqueles brasileiros.

Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2008/11/katrina-passou-na-janela-e-carolina.html



EM COMPENSAÇÃO...
Paraná e Rio Grande do Sul (sem Lula) montam rede solidária.
Um grupo de 139 homens da Polícia Militar (PM), do Corpo de Bombeiros, da Polícia Ambiental, da Companhia de Choque e da Defesa Civil do Paraná está pronto para ajudar no socorro às vítimas das chuvas em Santa Catarina. Parte desse grupo já estava atuando hoje em Itajaí, Joinville e Gaspar.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul também informou que enviará 70 carretas carregadas de colchões e mantimentos, além de kits de limpeza, para o Estado catarinense, onde as mortes causadas pelas chuvas já chegaram a 50.
Em acordo direto com o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), acertou ainda o envio de 17 barcos para a ajuda. Dois helicópteros e um avião também estão à disposição para qualquer eventualidade. Cachorros treinados na busca de pessoas acompanham as equipes.
Além de colchões e mantimentos, o governo gaúcho já mandou a Santa Catarina um helicóptero da Brigada Militar (BM, a PM gaúcha) para auxiliar no resgate de vítimas isoladas e conseguiu que o 5º Comando Aéreo Regional (Comar) da Força Aérea Brasileira (FAB) enviasse outro helicóptero e um avião Bandeirantes. A informação é do coordenador da Defesa Civil gaúcha, capitão Luís Fernando Santos Carlos.
Como sempre, o Sul se vira sozinho. "Brasil: um país de todos".

Anônimo disse...

Anônimo disse...
E A CRUZ DO ZENDRON???????????? QUEM SE AVENTURA A COMENTAR?????

Eu: ridicula coincidencia que tolos e fracos encaram como um sinal. Sinal de que? Aonde estava o bondoso deus que permitiu esta desgraca? Tontos.